Faz um mês, dez horas e trinta e dois minutos ao meu lado, tempo suficiente para notar que não sou quem ela precisa, não sou um amante que ela merece ao seu lado. Mas como dizer a ela sem machucá-la? Enfim hoje é o dia, às vinte e duas horas vou vê-la, e não sei como, mas preciso que ela note que não sou seu “Romeu”.
Quanto mais perto do da hora do temido encontro, mais nervoso fico. “Com que roupa eu vou ?” já dizia o poeta, já sei usarei cores claras, pois assim a deixarei mais calma, usarei minha colônia mais suave, para que assim ela fique tranqüila, usarei um tênis que não chame atenção, não usarei palavras difíceis, pois assim ela me compreenderá mais fácil.
Dezenove horas e cinqüenta e cinco minutos, quero ser o primeiro a chegar ao local marcado. Escolho a melhor mesa, aquela que fica no quanto da lanchonete, aonde ninguém irá nos ver, onde só a gente vai escutar as palavras que saem de nossas bocas. O que devo pedir para comer? Já sei, pedirei um suco, de maracujá, assim ficarei mais calmo. Pronto, tudo estar como pensei, só falta ela, e falando nela, olha ela ai. Nossa, como ela tá linda! Não presta atenção nesse vestido vermelho curto, que deixa a mostra essas pernas torneadas que me encanta, não olhe para o cabelo, ai como está lindo, o que foi que ela fez? Será que ela pintou? Deu hidratação? Humm, e esse perfume e encheu o ambiente. Olha no olho dela! Não perde o foco!
Oi, eu disse. Ela me respondeu dizendo, “preciso falar com você sobre algo”. Ai meu Deus, será que ela já percebeu o que eu quero dizer? Será que dei muito na “cara’?
É eu também preciso te dizer algo, mas pode começar a falar, disse a ela, com a voz quase sem sair.
Ela então começou do nada cantar uma música, baixinho quase sussurrando, olhando compenetradamente nos meus olhos.
“Onde é que foi parar
Aquele menino
Que me cantava
Quase toda noite
Jogando ao vento
Palavras, olhares
Sorrisos e pernas...
Telefonemas
De duplo sentido
Que me deixaram
De calo no ouvido
Daquele jeito
Assim de respirar
A fim de me afogar
De paixão e desejo...
Fiz o possível
Prá não dar bandeira
Até pensei
Que não era comigo
Mas você foi mais
E mais se chegando
E apertando o cerco
Usando todas as armas...”
Aquele menino
Que me cantava
Quase toda noite
Jogando ao vento
Palavras, olhares
Sorrisos e pernas...
Telefonemas
De duplo sentido
Que me deixaram
De calo no ouvido
Daquele jeito
Assim de respirar
A fim de me afogar
De paixão e desejo...
Fiz o possível
Prá não dar bandeira
Até pensei
Que não era comigo
Mas você foi mais
E mais se chegando
E apertando o cerco
Usando todas as armas...”
Na mesma hora escorreu do canto do meu rosto uma gota de suor frio. O que está acontecendo? Será que ela vai fazer o que eu to pensando? Mas continuei a ouvir aquela música que me apertava o peito a cada verso.
“Quando quer...
Pois então vem
Completa agora
O teu feitiço
Vem!
Não faz essa cara
De quem
Não tem nada com isso
Vem!
Para com esse papo
De o que é que eu fiz?
Faça o que quiser
Eu me entrego
Mas me faça feliz...
Faça o que quiser
Eu me rendo
Mas me faça feliz.”
“Quando quer...
Pois então vem
Completa agora
O teu feitiço
Vem!
Não faz essa cara
De quem
Não tem nada com isso
Vem!
Para com esse papo
De o que é que eu fiz?
Faça o que quiser
Eu me entrego
Mas me faça feliz...
Faça o que quiser
Eu me rendo
Mas me faça feliz.”
Pronto ela acabou a melodia. Mas porque me olha com esses olhos cheios de lágrimas? Porque a mão dela treme tanto?
Fiquei um momento confuso e calado. Ela enxuga suas lágrimas e me diz, “eu gosto de você, mas parece que você não gosta de mim”. Fiquei com vergonha, será que fiz algo que ela notasse? Tento falar algo em minha defesa, porém ela pede que eu apenas escute.
“Nós ficamos já tenho um tempo, adoro esse seu jeito extrovertido de ser, gosto dessa sua forma de me arrancar um sorriso, gosto do seu cheiro, durante o dia penso em você toda hora, mas têm uns três dias que venho observando você, e queria dizer...”
Ela baixa a cabeça e se cala por alguns segundos. Fico sem saber o que dizer, logo eu que passei o dia inteiro pensando o que falar!
Ela levanta o olhar e me diz “Eu quero terminar com você!”. O quê? Eu entendi direito? Ela está terminando comigo? Mas como? Eu...
Olho pra ela e pergunto se ela tem certeza? Apenas com um aceno de cabeça ela me responde que sim.
Eu senti o que ela iria sentir quando eu terminasse com ela, me perguntei por que ela fez isso? Será que fui muito pegajoso? Muito distante? Não beijo bem? Será que não tenho mais um papo que a agrada? Porém, eu ia terminar com ela, porque estou me questionando? Há gora sei por que, o famoso orgulho masculino.
Dei um beijo em seu rosto e sai, sem olhar para trás, pois assim ela não iria ver meu rosto tristonho.
Cheguei em casa e, e nada, não entendi o que aconteceu. Logo chega uma mensagem no meu celular, “Tudo bem se não deu certo
Eu achei que nós chegamos tão perto
Mas agora - com certeza eu enxergo
Que no fim eu amei por nós dois...”
Eu achei que nós chegamos tão perto
Mas agora - com certeza eu enxergo
Que no fim eu amei por nós dois...”
Fiquei olhando, aquele texto, e percebi que mais uma vez meu egocentrismo me derrota. Será que nunca mudarei? Nunca aprenderei? Será que... Deixa para lá.
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